quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Feliz Natal

Desde sempre, tenho uma ligação muito especial com o Natal. Mesmo sendo, como sabe-se, ateu. Minha ligação com o Natal, e com o Ano Novo, é muito mais familiar do que espiritual; tento na medida do possível não acreditar em nenhum tipo de misticismo, seja ele de qualquer natureza. As Festas, em casa, sempre, ao menos no olhar da criança, foram uma oportunidade momentânea de se enterrar a machadinha e reunir um grupo de pessoas que compartilham ligações genéticas e sanguíneas, além das ligações de afetividade. Se de fato tudo não passava de um jogo de cena, não estou disposto a especular e nem explorar.
Resumindo: mesmo carregando enormes críticas ao pensamento mágico e à ética do capital, eu gosto muito do Natal.

Dezembro sempre fora para uma época de alegria e festa na minha família, afinal além das festas de final de ano ainda temos os aniversários das minhas mãe e avó, e de um tio. Nesse ano, adicionamos, ainda, o do um sobrinho meu.
Esse ano, porém, o Natal ganhou uma representatividade ainda maior: depois de meses de terapia e anos tomando remédio, meu tratamento farmacológico chega ao fim. Para quem não sabe, tenho depressão crônica recorrente.
Isso não significa que estou de alta, ou algum tipo de cura. Apenas significa que estou aprendendo positivamente a viver com a minha condição e que estou suportando as deficiências na produção de determinados neurotransmissores do meu cérebro sem me entregar completamente à paralisia e ao em-si-mesmamento. Não sei dizer, ao certo, se estou feliz, afinal uma das consequências da depressão é justamente não reconhecer a felicidade, mas estou muito contente em ter conseguido chegar a esse ponto, afinal em vários momentos durante o tratamento eu me questionei se conseguiria, por minhas próprias pernas, chegar nesse estágio. É um passo enorme na busca pelos meus equilíbrio e saúde emocionais.
Então para celebrar esse passo, resolvi fazer algo simbólico: seguindo as recomendações do meu psiquiatra, resolvi jogar fora os remédios sobressalentes que ainda tinha. E como tal, aproveitando o espírito da época, fiz de uma maneira que fizesse reconectando-me com a criança latente/dormente interior em mim: tal como aprendi a dar tchau para o cocô no vaso sanitário, descartei as pílulas no mesmo, dei a descarga e me despedi de um dos mais complexos e intricados períodos da minha vida.
Posso dizer, sem medo, que foi uma satisfação enorme fazer o descarte...


E o resto é vida que segue.

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