Entre tantos outros caminhos, meus irmãos-da-costa
indicavam-me a volta, o retorno, o lar. Tantos dias, tantos dias. No exílio
índigo da imensidão netunica, perco-me o olhar por tantas e tantas
vicissitudes.
Eu fui sem nunca ter sido.
O mar, meu repouso eterno, esperava-me. A coragem não era
requisito, enterrei-a na primeira praia que aportei.
Ali estava, mais uma decisão, qualquer decisão eles iriam
acatar, sem nem pestanejar, sem hesitar. Estavam fatigados de guerra, de
pilhagem, de batalhas, de mar. Saudosos de belas curvas e terra firme, e de um
cão sarnento e companheiro, estavam também.
Eles conquistaram a glória.
A glória de estarem fatigados. Caberá a mim a glória do
rodapé.
Uma palavra, somente uma palavra.
Era o que esperavam: lar, a volta dos meus pesadelos, do
medo, de mim. Lá, naquela casa azul, não era eu, não era aquele.
Era indefinido.
Era mais eu do que eu.
Um estado civilizado de ser selvagem. Os medos, os anseios,
os receios, as faltas, a história, não existiam ali.
Éramos eu, o navio e o amor. Nada mais.
Sim, estava fugindo.
Fugindo de tudo aquilo que fizera ser seu.
Chega!
Basta!
Não vou mais fugir; a coragem renasce, assim como o sol, ó
astro imortal, faz o dia. Uma única palavra e exorcizaria o covarde que me rói
o ser.
Uma única palavra dita com convicção, com tanta assim como a
que o mar levou para a costa.
Uma palavra, mesmo dissilábica, seria meu réquiem renovador.
Dissera, então:
- Casa.
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