O Brasil foi acometido por uma
onda, uma nova onda, de protestos nesse final de semana. Começamos na
sexta-feira com um ato articulado pela CUT pró-Governo, e fechamos com as
manifestações de ontem, 15/03, com o ato articulado por diversos grupos
desgostos com o governo.
Esses atos foram articulados
através de grupos e páginas da rede social Facebook, o que mostra mais uma vez,
para algum desavisado, a potencialidade das novas formas de interação humana
proporcionadas pela internet.
As pessoas foram às ruas demonstrar
seu descontentamento com o governo e a atual situação do país, nada mais
democrático, certo? É... Sim e não.
Explico.
É totalmente saudável, para uma
democracia que ainda não está totalmente completa como é a nossa, que se
existam manifestações populares que mostrem o ponto de vista de um grupo, é bom
lembrar que política é feita através da interação de grupos e indivíduos. É de
se estranhar que causa estranhamento movimentos como esse surgirem e atuarem.
Ou seja, esse é um fator muito positivo e construtivo do ponto de vista
democrático e republicano.
Agora o fator negativo. Pelo meu
conhecimento, faltou um fator principal para esse ato: pauta, reivindicações
concretas. Sair na rua contra a corrupção, por mais louvável que seja, é
construir um castelo de cartas. Corrupção é uma consequência do sistema
político e partidário. Faltou mostrar uma opção para as causas da corrupção, ou
seja, faltou alguém liderar, na acepção da palavra, essas manifestações, o que
mostra a própria fragilidade da origem de tais movimentos.
Acredito que esses movimentos, que
“alijam” do seu núcleo duro os partidos políticos e movimentos sociais, são um
reflexo da atual crise da representatividade que passamos. Veja ao seu entorno,
você, assim como, deve ter conhecidos e amigos nos mais amplos campos do
espectro ideológico, em quais deles você vê esse grupo totalmente
representadas? Mesmo nos grupos mais distantes de onde eu me encontro no dito
espectro, não vejo grandes grupos plenamente representados, os únicos casos são
extremamente pontuais e nominais. Essa crise de representabilidade não é apenas
institucional, ela permeia toda as esferas políticas públicas, passando pelos
três poderes, pelo quarto poder (a mídia), etc.
Ainda acho que tais manifestações
ainda são, apenas, a pequena ponta de um iceberg cuja parte submersa é imensa,
tanto dos descontentamentos à esquerda e à direita. Resta-nos esperar e torcer
para que tais movimentos sejam responsáveis e críticos. E, essencialmente,
livres.
PS.: Seguem abaixo algumas fotos
que, amadoramente, registrei ontem na porta de casa.
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