segunda-feira, 16 de março de 2015

Ontem

O Brasil foi acometido por uma onda, uma nova onda, de protestos nesse final de semana. Começamos na sexta-feira com um ato articulado pela CUT pró-Governo, e fechamos com as manifestações de ontem, 15/03, com o ato articulado por diversos grupos desgostos com o governo.
Esses atos foram articulados através de grupos e páginas da rede social Facebook, o que mostra mais uma vez, para algum desavisado, a potencialidade das novas formas de interação humana proporcionadas pela internet.
As pessoas foram às ruas demonstrar seu descontentamento com o governo e a atual situação do país, nada mais democrático, certo? É... Sim e não.

Explico.
É totalmente saudável, para uma democracia que ainda não está totalmente completa como é a nossa, que se existam manifestações populares que mostrem o ponto de vista de um grupo, é bom lembrar que política é feita através da interação de grupos e indivíduos. É de se estranhar que causa estranhamento movimentos como esse surgirem e atuarem. Ou seja, esse é um fator muito positivo e construtivo do ponto de vista democrático e republicano.
Agora o fator negativo. Pelo meu conhecimento, faltou um fator principal para esse ato: pauta, reivindicações concretas. Sair na rua contra a corrupção, por mais louvável que seja, é construir um castelo de cartas. Corrupção é uma consequência do sistema político e partidário. Faltou mostrar uma opção para as causas da corrupção, ou seja, faltou alguém liderar, na acepção da palavra, essas manifestações, o que mostra a própria fragilidade da origem de tais movimentos.
Acredito que esses movimentos, que “alijam” do seu núcleo duro os partidos políticos e movimentos sociais, são um reflexo da atual crise da representatividade que passamos. Veja ao seu entorno, você, assim como, deve ter conhecidos e amigos nos mais amplos campos do espectro ideológico, em quais deles você vê esse grupo totalmente representadas? Mesmo nos grupos mais distantes de onde eu me encontro no dito espectro, não vejo grandes grupos plenamente representados, os únicos casos são extremamente pontuais e nominais. Essa crise de representabilidade não é apenas institucional, ela permeia toda as esferas políticas públicas, passando pelos três poderes, pelo quarto poder (a mídia), etc.
Ainda acho que tais manifestações ainda são, apenas, a pequena ponta de um iceberg cuja parte submersa é imensa, tanto dos descontentamentos à esquerda e à direita. Resta-nos esperar e torcer para que tais movimentos sejam responsáveis e críticos. E, essencialmente, livres.


PS.: Seguem abaixo algumas fotos que, amadoramente, registrei ontem na porta de casa.









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