sábado, 16 de agosto de 2014

Diário de Bordo, Data Estelar 70305.1 (ou Eu Deveria)

Ontem, dia 15, tive uma crise de depressão muito forte, mas muito forte mesmo. Passei, literalmente, o dia inteiro debaixo do coberto, ora lendo O Coração das Trevas, de Joseph Conrad (que, aliás, pretendo escrever um ensaio sobre suas contradições) ora escrevendo, ou melhor preparando um esboço para um Bildungsroman (termo da crítica literária para “romance de formação”, aquele romance em que há a descrição de um processo de formação moral, ético, psicológico, estético, etc., um dos melhores exemplos talvez seja Cândido, de Voltaire.
Além disso, por puro escapismo, resolvi tomar dois compridos de cada um que encontrei dentro do meu quarto, e se por algum motivo tivesse algum outro narcótico, desses do proibido, tomaria tudo. Meu objetivo era não acordar hoje. O resultado: umas 18 horas de sono, e uma pequena ressaca e tontura até hoje.

Enfim, nessas 24 horas de crise, e sim eu tomei meus remédios, pensei muito sobre a minha atual condição de vida. E pensei, e isso é totalmente minha copa, na forma condicional. Pensei no que deveria ter sido ou feito.
Pensei que deveria ter me cuidado mais. Que deveria ter me imposto mais. Que deveria ter me dedicado mais à faculdade. Que não deveria ter bebido tanto em toda minha vida. Que deveria ter dito eu te amo mais vezes para quem importa. Que deveria não me afastar dos meus, poucos, amigos. Que deveria ter procurado um psiquiatra mais cedo. Que deveria ter obedecido eles. Que deveria me dedicar mais a escrever. Que deveria ser sincero. Que deveria não interiorizar as coisas. Que não deveria ter uma vida tão sedentária. Que deveria e não deveria ter feito um monte de coisa.
Sabe qual conclusão nenhuma? Alguma, pois toda a minha história, para o bem ou para mal, me trouxe a ser o que sou hoje, mesmo com meus defeitos, com a minha doença, mas mesmo assim ainda cheio de qualidades e predicados. Ou seja, faria, e farei, tudo da mesma forma de sempre. Claro, mudando aqui e ali quando necessário, possível e viável.
E o resto é vida que segue...


PS: Para quem se interessou o que é o Bildungsroman eis o link (em inglês) na Wikipédia: http://en.wikipedia.org/wiki/Bildungsroman  

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