Se algum marciano pousasse na
Esplanada dos Ministérios agora e entrasse na internet, ainda mais se ele
entrasse em alguma rede social, e depois alguém lhe contasse que tivemos, no
Brasil, um dos pleitos mas acirrados e competitivos de todos os tempos, nosso
amigo só poderia nos dizer:
- Vocês mentem em um ou em outro,
ou são completamente malucos.
Nosso pequeno, e hipotético, amigo
verde de longas antenas teria toda razão em pensar dessa forma. Se olharmos
nossas timelines perceberemos que o assunto das eleições já é papel de
embrulhar peixe. O problema, para esse mero escriba, não é a velocidade em que
os ciclos de notícias nascem em morrem nas mídias sociais, mas sim uma falta de
perenidade nos macrotemas.
As eleições são parte de um
macrotema que é a a política, ou melhor, o debate político, ela é uma parte de
um todo, e não o contrário. E esse debate é perpétuo, seja ao conversarmos com
amigos, que é uma forma de debate sim, sobre o tema, ou quando nos informamos
nos múltiplos meios e mídias de nossa era.
A rapidez com que as mídias
sociais trataram do tema, debate político, é assustador. Há duas semanas
tínhamos um verdadeiro clima de Gre-Nal de antigamente nos debates e na guerra
dos memes. Hoje, está mais frio do que aquela anchova pescada há cinco horas. E
hoje, onde estão os indignados, mobilizados e formadores de opinião de ontem?
Subiram só porque seu candidato venceu ou perdeu? Muito estranho...
O fenômeno observado no pleito
desse ano prova o meu argumento que falta à sociedade brasileira uma verdadeira
educação política. Política não é só saber cantar o hino, não é só postar algum
texto em alguma ferramenta de comunicação, não é apenas gritar e cuspir.
Política é estar envolvido com os mais diversos assuntos que tangem a nossa
interação social, seja ela de qual forma se dê.
A internet nos deu uma
oportunidade de realmente nos comunicarmos de maneira global e instantânea, e
por conta disso criam-se e perdem-se interesses muito facilmente, é a chamada
“febre do clique”. Esse é um dos motivos pelo qual a qualidade de informações e
opiniões na internet é no mínimo questionável. Onde está aquele senso de checar
informações? De pensar sobre o que está sendo dito e escrito? Nem no Google eu
consigo achar...
Voltando à questão da educação
política, precisamos ter em nossos espíritos que a força da dialética, do
debate, é essencial em nossas vidas práticas. Sem o debate, o “trocar uma
ideia”, nossa vida fica engessada e passamos a acatar uma posição de resignação
perante aos fatos que nos circundam.
Falta-nos no ensino base um
fomento ao debate, ao pensar criticamente. E só podemos pensar e agir politicamente
se tivermos um verdadeiro espírito crítico, isso significa, questionar tudo à
nossa frente e chegarmos a conclusões que sejam nossas. E a última coisa que a
internet, que a cada dia mais vem se tornando o templo-mor do discurso passivo,
possui é um espírito crítico. Uma pena, pois ela de fato é uma poderosa
ferramenta para cada vez aproximar e, mais importante, mudar ideias.
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