terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Debate Político na Era das Mídias Sociais


Se algum marciano pousasse na Esplanada dos Ministérios agora e entrasse na internet, ainda mais se ele entrasse em alguma rede social, e depois alguém lhe contasse que tivemos, no Brasil, um dos pleitos mas acirrados e competitivos de todos os tempos, nosso amigo só poderia nos dizer:
- Vocês mentem em um ou em outro, ou são completamente malucos.
Nosso pequeno, e hipotético, amigo verde de longas antenas teria toda razão em pensar dessa forma. Se olharmos nossas timelines perceberemos que o assunto das eleições já é papel de embrulhar peixe. O problema, para esse mero escriba, não é a velocidade em que os ciclos de notícias nascem em morrem nas mídias sociais, mas sim uma falta de perenidade nos macrotemas.

As eleições são parte de um macrotema que é a a política, ou melhor, o debate político, ela é uma parte de um todo, e não o contrário. E esse debate é perpétuo, seja ao conversarmos com amigos, que é uma forma de debate sim, sobre o tema, ou quando nos informamos nos múltiplos meios e mídias de nossa era.
A rapidez com que as mídias sociais trataram do tema, debate político, é assustador. Há duas semanas tínhamos um verdadeiro clima de Gre-Nal de antigamente nos debates e na guerra dos memes. Hoje, está mais frio do que aquela anchova pescada há cinco horas. E hoje, onde estão os indignados, mobilizados e formadores de opinião de ontem? Subiram só porque seu candidato venceu ou perdeu? Muito estranho...
O fenômeno observado no pleito desse ano prova o meu argumento que falta à sociedade brasileira uma verdadeira educação política. Política não é só saber cantar o hino, não é só postar algum texto em alguma ferramenta de comunicação, não é apenas gritar e cuspir. Política é estar envolvido com os mais diversos assuntos que tangem a nossa interação social, seja ela de qual forma se dê.
A internet nos deu uma oportunidade de realmente nos comunicarmos de maneira global e instantânea, e por conta disso criam-se e perdem-se interesses muito facilmente, é a chamada “febre do clique”. Esse é um dos motivos pelo qual a qualidade de informações e opiniões na internet é no mínimo questionável. Onde está aquele senso de checar informações? De pensar sobre o que está sendo dito e escrito? Nem no Google eu consigo achar...
Voltando à questão da educação política, precisamos ter em nossos espíritos que a força da dialética, do debate, é essencial em nossas vidas práticas. Sem o debate, o “trocar uma ideia”, nossa vida fica engessada e passamos a acatar uma posição de resignação perante aos fatos que nos circundam.

Falta-nos no ensino base um fomento ao debate, ao pensar criticamente. E só podemos pensar e agir politicamente se tivermos um verdadeiro espírito crítico, isso significa, questionar tudo à nossa frente e chegarmos a conclusões que sejam nossas. E a última coisa que a internet, que a cada dia mais vem se tornando o templo-mor do discurso passivo, possui é um espírito crítico. Uma pena, pois ela de fato é uma poderosa ferramenta para cada vez aproximar e, mais importante, mudar ideias.

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