Ontem, dia 9, comemorou-se os 25
anos da Queda do Muro de Berlim. Para mim, tal evento tem duas importâncias:
uma pessoal e outra “profissional”. Pessoal, afinal uma das primeiras memórias
que eu tenho com total absoluta e certeza é ver o Pedro Bial de frente para o
Portal de Brandemburgo noticiando a queda do muro. Algo naquela imagem plasmou
em mim uma verdadeira fixação pela Alemanha, tanto que eu sempre tive uma
verdadeira adoração à cultura e a hisória germânicas. É incrível o poder da
memória em nós...
A outra, a “profissional”, afinal
de contas estou em vias de me tornar “historiador”, é mais evidente e direta:
estamos diante de um dos mais importantes episódios, ou fatos, históricos dos
últimos 30 anos. Acho que juntamente com o 11 de setembro e a Revolução da
Internet, a Queda do Muro de Berlim define, pelo menos em boa parte, a nossa
atual conjuntura.
O processo de reunificação da
Alemanha, que começa em 9 de novembro de 1989 e termina, de fato, com a Copa do
Mundo de 2006, onde podemos ver os alemães gritando, sem medo, seu amor por seu
escrete nacional simbolizando, mais uma vez, uma única Alemanha, é um dos
momentos chaves do atual estágio do capitalismo e da macropolítica mundial.
Uma Alemanha unida e forte não era
possível desde a experiência, terrível, do nazismo. É preciso ressaltar que a
Alemanha, desde a união cultural e linguística dos povos germânicos na
Antiguidade Tardia, sempre fora una, apesar com os mais diversos nomes e
configurações políticas.
A reunificação alemã tem uma outra
importância, além daquela da memória coletiva alemã, que é o símbolo de uma
única Europa unida em torno de seus próprios ideias e particularidades. Claro
que nem todos os países do continente europeu formam a Europa, muitos países
sejam pela força econômica ou por não compactuarem com o corolário de ideias da
União Europeia não estão presentes na Europa, os melhores exemplos desse quadro
são Portugal, Grécia e os países oriundos da União Soviética.
O que mais me interessa como
historiador, e ainda mais um historiador da cultura, é o a crueldade com a
separação não da Alemanha, mas sim da pólis: Berlim. Por conta de um
canetaço que escalou vertiginosamente, de repente famílias, amigos, conhecidos
tornaram-se “estranhos em uma terra estranha”, para fazer uma alusão ao romance
de Robert A. Heinlein.
Berlim divida é um dos grandes símbolos da enorme intolerência e a ausência
absoluta de diálogo no período da Guerra Fria. Aqui eu indico, com pequenas
reservas ideológicas mas sem nenhuma em termos estético-artísticos, o filme Adeus,
Lênin! O retrato da senhora defensora da DDR (Deutsche
Demokratische Republik, ou simplesmente Alemanha Oriental) que acorda de um coma depois da reunificação é
no mínimo hilária, ou pelo menos tragicômica.
É
comovente ver documentários ou relatos sobre o período em que Berlim esteve
dividada por um muro da ignorância. Os traumas sociais e na psicologia política
causadas pelo período ainda podem serem sentidos
Links:
Artigo vinculado no site do jornal El País sobre a
Queda do Muro de Berlim: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/29/internacional/1414600848_483172.html
Artigo vinculado no site do jornal El País sobre a
reunificação de Berlim: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/04/internacional/1415123521_222212.html
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