segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Uma Berlim, Uma Alemanha, Uma Europa


Ontem, dia 9, comemorou-se os 25 anos da Queda do Muro de Berlim. Para mim, tal evento tem duas importâncias: uma pessoal e outra “profissional”. Pessoal, afinal uma das primeiras memórias que eu tenho com total absoluta e certeza é ver o Pedro Bial de frente para o Portal de Brandemburgo noticiando a queda do muro. Algo naquela imagem plasmou em mim uma verdadeira fixação pela Alemanha, tanto que eu sempre tive uma verdadeira adoração à cultura e a hisória germânicas. É incrível o poder da memória em nós...
A outra, a “profissional”, afinal de contas estou em vias de me tornar “historiador”, é mais evidente e direta: estamos diante de um dos mais importantes episódios, ou fatos, históricos dos últimos 30 anos. Acho que juntamente com o 11 de setembro e a Revolução da Internet, a Queda do Muro de Berlim define, pelo menos em boa parte, a nossa atual conjuntura.

O processo de reunificação da Alemanha, que começa em 9 de novembro de 1989 e termina, de fato, com a Copa do Mundo de 2006, onde podemos ver os alemães gritando, sem medo, seu amor por seu escrete nacional simbolizando, mais uma vez, uma única Alemanha, é um dos momentos chaves do atual estágio do capitalismo e da macropolítica mundial.
Uma Alemanha unida e forte não era possível desde a experiência, terrível, do nazismo. É preciso ressaltar que a Alemanha, desde a união cultural e linguística dos povos germânicos na Antiguidade Tardia, sempre fora una, apesar com os mais diversos nomes e configurações políticas.
A reunificação alemã tem uma outra importância, além daquela da memória coletiva alemã, que é o símbolo de uma única Europa unida em torno de seus próprios ideias e particularidades. Claro que nem todos os países do continente europeu formam a Europa, muitos países sejam pela força econômica ou por não compactuarem com o corolário de ideias da União Europeia não estão presentes na Europa, os melhores exemplos desse quadro são Portugal, Grécia e os países oriundos da União Soviética.
O que mais me interessa como historiador, e ainda mais um historiador da cultura, é o a crueldade com a separação não da Alemanha, mas sim da pólis: Berlim. Por conta de um canetaço que escalou vertiginosamente, de repente famílias, amigos, conhecidos tornaram-se “estranhos em uma terra estranha”, para fazer uma alusão ao romance de Robert A. Heinlein. Berlim divida é um dos grandes símbolos da enorme intolerência e a ausência absoluta de diálogo no período da Guerra Fria. Aqui eu indico, com pequenas reservas ideológicas mas sem nenhuma em termos estético-artísticos, o filme Adeus, Lênin! O retrato da senhora defensora da DDR (Deutsche Demokratische Republik, ou simplesmente Alemanha Oriental)  que acorda de um coma depois da reunificação é no mínimo hilária, ou pelo menos tragicômica.
É comovente ver documentários ou relatos sobre o período em que Berlim esteve dividada por um muro da ignorância. Os traumas sociais e na psicologia política causadas pelo período ainda podem serem sentidos

Links:
Artigo vinculado no site do jornal El País sobre a Queda do Muro de Berlim: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/29/internacional/1414600848_483172.html

Artigo vinculado no site do jornal El País sobre a reunificação de Berlim: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/04/internacional/1415123521_222212.html

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