Como todos sabemos, moro na região
da Avenida Paulista e sabemos, mais ainda, que durante o final de semana que
passou tivemos uma manifestação, todos têm direito a se manifestar em um estado
de direitos, contra a eleição da presidente Dilma. Afinal vivemos, mesmo que
ainda não percebam, em uma democracia frágil e ainda engatinhando. Vivemos
aquele que um dia virá a ser a Idade de Ouro da nossa democracia. Ao áureo
metal me refiro como questão histórica, não como governo(s), nosso tempo ainda
vai ser lembrado como o tempo em que votamos para presidente, tiramos o mesmo
do poder, elegemos um intelectual, um metalúrgico e uma ex-guerrilheira.
Não podemos perder o foco, por
isso voltemos.
Estava acompanhado de um grande
amigo, um daqueles poucos que me restam depois de um ano de Copa do Mundo e
Eleições Majoritárias, e entre o debate sobre a lógica russelliana e a moral
kantiana, presenciamos alguns senhores sorvendo Don Perrier e senhoras
protegidas do calor com sombrinhas rendadas em suas extremidades bem acalorados
e por amor à argumentação resolvemos conversar com um dos transeuntes, eles a
pleno pulmões repetiam palavras de ordem, a nós coube o papel do Grilo Falante:
- Queremos melhores serviços
públicos!!!
- Como?
- Cortando impostos.
- Queremos estado mínimo!!!
- Como?
- Com soberania nação e
intervenção militar.
Deveras, o Brasil não é um país
para iniciantes.
Eu e meu amigo saímos andando, e
coçando nossas cabeças, entendendo finalmente que vivemos em um país kafkaniano
onde quem está no governo agora fazia exatamente a mesmas críticas de quem hoje
está na oposição, noves fora a questão militar, cláusula pétrea, uma das
últimas decentes, do atual partido governista.
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