O historiador tem como dever, e
função, sempre olhar para o passado de forma crítica. Já há muito tempo que a
História se afastou da busca de uma verdade única e totalizante, nos dias
atuais a ciência histórica está cada vez plural em sua interpretação dos fatos
e tempos históricos, tanto nas conclusões quanto no método.
Atualmente, historiadores podem
chegar à conclusões muito ímpares em uma mesma linha de pesquisa. Pegue por
exemplo a história colonial no Brasil: existem teorias tão diversas sobre a
cultura canavieira que poderíamos levar uma vida de leitura apenas para
entender os modelos propostos.
Uma das maneiras de olhar
criticamente para o passado é revisar as interpretações, com base em
documentação e dados, passadas. Isso não implica em negar fatos históricos,
como alguns adeptos do chamado revisionismo histórico usam como método.
O grande problema do revisionismo
histórico é que há duas interpretações possíveis: a primeira, mais legítima,
que se aplica à revisão da História, ou seja, da ciência que interpreta os
fatos passados do homem; já a segunda, uma farsa intelectual, é um movimento de
negação de fatos históricos, principalmente fatos que são muito polêmicos, como
genocídios, ditaduras, etc.
Nesse segundo, por exemplo, há
quem diga que a Ditadura Militar brasileira não existiu, ou que o Holocausto
não existiu, entre outras vigarices. O problema não está na negação em si, mas
sim no uso dessa negação, principalmente com fins populistas e políticos. A
negação do Holocausto pela extrema-direta francesa e pelo ex-presidente Mahmoud
Ahmadinejad, tem como objetivo agradar uma parcela de seus eleitorados.
Aqui no Brasil os atuais
conservadores têm se esforçado para minimizar, relativizar ou ainda
menosprezar, os trabalhos das Comissões da Verdade. Por que esse esforço?
Acredito que a expressiva votação de Jair Bolsonaro como deputado no Rio de
Janeiro pode nos dar uma pequena luz nessa movimentação. Lembrando que a
História é uma das formas de legitimar um motivo atual simplesmente alegando
certa naturalidade dele por conta de ter no passado, como os nazistas fizeram
ao declarar o III Reich.
Acredito que seja óbvio que
História, história e política estão intimamente ligados. Ou seja, é preciso ser
cético em relação ao revisionismo histórico com o viés de negação pura e
simples, afinal, mesmo “morta” a história ainda assombra o presente, como um
fantasma dos natais passados.
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