sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Uso Político do Revisionismo Histórico


O historiador tem como dever, e função, sempre olhar para o passado de forma crítica. Já há muito tempo que a História se afastou da busca de uma verdade única e totalizante, nos dias atuais a ciência histórica está cada vez plural em sua interpretação dos fatos e tempos históricos, tanto nas conclusões quanto no método.
Atualmente, historiadores podem chegar à conclusões muito ímpares em uma mesma linha de pesquisa. Pegue por exemplo a história colonial no Brasil: existem teorias tão diversas sobre a cultura canavieira que poderíamos levar uma vida de leitura apenas para entender os modelos propostos.
Uma das maneiras de olhar criticamente para o passado é revisar as interpretações, com base em documentação e dados, passadas. Isso não implica em negar fatos históricos, como alguns adeptos do chamado revisionismo histórico usam como método.

O grande problema do revisionismo histórico é que há duas interpretações possíveis: a primeira, mais legítima, que se aplica à revisão da História, ou seja, da ciência que interpreta os fatos passados do homem; já a segunda, uma farsa intelectual, é um movimento de negação de fatos históricos, principalmente fatos que são muito polêmicos, como genocídios, ditaduras, etc.
Nesse segundo, por exemplo, há quem diga que a Ditadura Militar brasileira não existiu, ou que o Holocausto não existiu, entre outras vigarices. O problema não está na negação em si, mas sim no uso dessa negação, principalmente com fins populistas e políticos. A negação do Holocausto pela extrema-direta francesa e pelo ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, tem como objetivo agradar uma parcela de seus eleitorados.
Aqui no Brasil os atuais conservadores têm se esforçado para minimizar, relativizar ou ainda menosprezar, os trabalhos das Comissões da Verdade. Por que esse esforço? Acredito que a expressiva votação de Jair Bolsonaro como deputado no Rio de Janeiro pode nos dar uma pequena luz nessa movimentação. Lembrando que a História é uma das formas de legitimar um motivo atual simplesmente alegando certa naturalidade dele por conta de ter no passado, como os nazistas fizeram ao declarar o III Reich.

Acredito que seja óbvio que História, história e política estão intimamente ligados. Ou seja, é preciso ser cético em relação ao revisionismo histórico com o viés de negação pura e simples, afinal, mesmo “morta” a história ainda assombra o presente, como um fantasma dos natais passados.

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