quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pequena Prosa 10: Uma Carta

É meu amigo...
Outra vez a caneta corre o papel em busca das palavras certas; uma tentativa mesmo que vã de resumir em uma figura tudo o que nutrimos. Deveras sentimental e subjetivo sou, sem o mínimo dever de universalidade; mas como ter e não ser se relato algo é sentimental, subjetivo e particular?
No cerne da minha existência reside. A nós é legado a herança de Jasão e os Argonautas; compartilhamos medos, credos, insanidades, momentos, olhares, sons, gostos, literatura, música e por que não dizer amor?
Busque em si a felicidade só sua, infelizmente seria um fracasso meu tentar dar-lhe ela.
Há muito, muito mais, que poderia ser dito, escrito, sentido para, e por, você. Mas, uma lástima, sou refém das palavras.
Conversa Metafísica Sobre Semântica ao Despertar de um Novo Dia
- Veja! O Sol surgindo por entre os concretos frios.
- É... mais uma noite. Música, cinema, literatura e desesperança...
- Não seja assim tão pessimista. Há outras coisas além do tédio.
- Não quando em crise...
- Qual crise?
- Essa que vivo; uma expressividade muito aquém da necessária...
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- Nós todos temos esses momentos.
- O que mais me incômoda é esse silêncio. Silêncio cego...
- Entendo. Está vivo?
- O quê?
- Você.
- A questão é semântica...
- Como?
- Não é bem estar; e sim o que é ser vivo...
- Muito bem colocado.
- Será essa minha maldição, semântica?
- Estamos, todos, presos a ela.
- Sim...
- Mais um dia.
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- Sim outro dia...
- Há algo de muito vago nisso tudo.
- Pois é...

Tais palavras postditas desintegram-nos e os arremetem direto para onde nunca deveriam ter saído; eles, surdamente, penetram, com a chave, o mundo das palavras.

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