Acho a internet uma das grandes
invenções do homem, nos mesmo patamar como a roda, a agricultura, a engenharia,
a locomotiva, o telefone, o cinema, entre tantas outras. A internet nos
possibilitou uma nova forma de vida social, produção econômica e até novas
fronteiras na epistemologia e em outros campos filosóficos.
Só que ela, a internet, tem o
mesmo potencial para gerar coisas negativas e inúteis. Basta lembrarmos das
“polêmicas” que coalham a rede. Na verdade, verdade mesmo, estou meio cansado
de escrever sobre essa característica da internet. Acho que é algo meio intrínseco
à capacidade humana de criar coisas bacanas e ao mesmo mal utilizá-las. A
ciência talvez seja outro grande exemplo dessa capacidade perversa.
A polêmica da vez tem a ver com o
acidente aero sofrido pela família dos Huck e seu staff. Como já se sabe, o
piloto fez um pouso forçado para evitar que algo de mais danoso acontecesse com
os tripulantes e passageiros do avião.
A grande bomba é que todos os
ocupantes foram socorridos e tiverem seus primeiros atendimentos efetuados pelo
SUS. Aí começou aquele Fla-Flu ideológico que inunda a internet e as redes
sociais. Aqueles que se perfilaram de um lado massacrando os dois por terem
sido assistidos pelo SUS e aqueles que vangloriaram o atendimento do mesmo
sistema.
Não tenho nenhuma simpatia pelos
Huck, mas não desejo a eles, nem para qualquer pessoa no planeta, que eles
sofram qualquer mal, aliás não desejo nem que eles sofram de forma alguma. Uma
das minhas poucas qualidades é a minha empatia com terceiros.
No outro lado do embate, ou
combate?, não por que vangloriar um serviço que se prestou apenas a fazer
aquilo que é designado a fazer. É prerrogativa do Estado fornecer
pronto-atendimento em casos de acidentes em via públicas, e como o ar ainda é
público, o socorro às vítimas desse acidente deveria, e foi, feito pelo SUS
através do SAMU.
Pipocaram algumas acusações de que
a Santa Casa de Campo Grande teria privilegiado os acidentados para que
tivessem o melhor e mais rápido atendimento disponível. Ai é que está o erro,
principalmente porque pelo sistema público de saúde não pode, ou deveria, haver
nenhuma forma de privilégio para atendimento, ele supostamente deveria se
basear pela prioridade de atendimento e pela ordem de chegada. Mas vivemos na
nação do QI (quem indica).
O que mais me deixou fulo da vida
com o episódio foi a cobertura midiática. Essa questão do SUS, se eles têm ou
não direito, não deveria nem aparecer, afinal o SUS é um direito para todo
cidadão brasileiro, não importando sexo, idade, cor, condição social e nível de
educação. O SUS é para todos os brasileiros, ponto.
A cobertura acabou por se focar
muito em Luciano Huck, Angélica e nos filhos do casal. Todos as outras pessoas
que estavam no avião, a exceção do piloto elevado aos píncaros celestiais e
prontamente rejeitado pelo próprio, fazendo que todos os outros ocupantes não
passassem de apenas números e não indivíduos. Realmente estamos vivendo no
mundo em que há dois tipos primários de seres humanos: os comuns e as
celebridades.
Viver em um mundo de
hipervalorização das celebridades, são apenas pessoas, meu jesuscristinho, é
uma agonia. Basta lembrar a bomba soltada por um portal de internet: Caetano
estaciona um carro no Leblon.
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