quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Paixão e Razão

Um bom lugar para praticar a filosofia Heideggeriana
Se não me engano, e pode ser que esteja, foi o filósofo alemão Martim Heidegger que sentenciou que o fazer filosófico só pode ser operado quando o sujeito está livre das paixões, ou seja, para usarmos a razão de forma crítica, positiva e propositiva, é preciso estar com o espírito calmo, como um lago sem perturbações. Claro que os gregos, lá na Antiguidade, já haviam nos alertado sobre esse necessidade de paz interior para “pensarmos melhor”.
É preciso serenidade para filosofar.
Sou, podemos por assim dizer, uma pessoa racional, ou pelo menos tento; compactuo com o mestre alemão que a razão é melhor utilizada quando estamos serenos e afastamos as paixões do cerne do objeto ou problema a ser pensado.

Ontem, na vitória, e consequente título, do meu time na Copa do Brasil tive como comprovar que os gregos e Heidegger estavam completamente certos nesse ponto.
Tenho uma relação complexa com o futebol: sou apaixonado pelo jogo, pelos seu caráteres sociais, físicos e psicológicos, todavia ao mesmo tempo sinto nojo e asco pelas falcatruas monetárias e políticas feitas em nome do jogo.
Por conta dessa dicotomia, acabei, com o tempo me afastando do futebol, apesar de ainda acompanhar o meu time, além de alguns outros os quais simpatizo.
Ontem, porém, foi diferente, me peguei assistindo o jogo, a final, a cobrança de pênaltis, torcendo muito, vibrando. Com muita paixão. Corri, não deveria tê-lo feito, por conta de um problema passageiro na coluna, como um maluco, gritei, chorei, xinguei meu vizinho adversário, quase arrumando uma tremenda confusão.
Hoje, ao acordar, relembrei os fatos do dia anterior. A minha primeira sensação foi “eu não sou aquela pessoa”. De fato, não sou. Eu gosto de achar que não sou. No meu cotidiano tendo a ser mais contido, mais reservado, mais introspectivo, não aquele “animal passional”, movido por um sentimento de pertencimento a algo maior e atemporal.

Não entendo muito de psicologia, mas acredito que seja algo relacionado ao ego, superego e id. No fundo, sou, também, esse animal passional, esse ser que pulsa, que lateja, que sente palpitações quando ouve seus camaradas gritarem as mesmas emoções que eu. Acredito que tudo é uma questão de tempo e espaço, aprender onde e quando a paixão florescer e quando deixa-la inerte e dormente.

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