Como já
disse anteriormente, sou graduando em História pela USP. Há um detalhe,
todavia, que ainda não contei por aqui: durante os primeiros anos na faculdade
eu detestava tudo, meus colegas, meus professores, o prédio, tudo; menos a
biblioteca, que ainda é meu lugar favorito por lá. A verdade é que não tinha
maturidade intelectual suficiente para aguentar o tranco que é estudar uma
disciplina que envolve tantos outros conhecimentos para formar o seu próprio.
Tal situação durou até eu cursar a
disciplina de Idade Média. Assim como o western
e gibi de superherói, eu sempre fui fascinado pela mediavalidade. Foram poucos
períodos na história ocidental onde o homem pode ser assim tão homem. Há algo
de mágico nesse período. Por conta disso, acabei me tornando familiar com a
obra do francês Jacques Le Goff.
Acabei trancando a faculdade por
dois anos, mas Le Goff, e outros historiadores da chamada Nova História, sempre me deixou com a pulga atrás da orelha se
estava fazendo certo ao trocar história por comunicação, no caso fui trabalhar
com publicidade e produção audiovisual.
Foi então, indo trabalhar, andando
pela República do Líbano que tive o momento catártico: estava com as biografias
de São Francisco de Assis e de São Luís na mochila, ambas escritas pelo
francês, e sai em disparada até o meu trabalho. Estava atrasado, evidentemente.
Quando cheguei no trabalho, estava
com um fluxo muito pequeno de coisas para fazer, resolvi ler as duas introduções.
Foi como um raio tivesse me atingido, era isso, era isso mesmo que eu queria
para a vida, era a minha “missão” nesse planeta.
A noite passou e quando cheguei em
casa reli um capítulo de História e
Memória, mais precisamente o capítulo Memória.
Então não tinha mais dúvida alguma: voltaria a fazer história, me formaria e
seguiria no ofício, ou como professor ou como historiador.
Se hoje sou feliz na minha
carreira profissional, devo muito ao professor Le Goff, graças a ele voltei
para a faculdade – tá bom que ainda não me formei – e voltei a lecionar, e
ambos me dão mais do que prazer, me fazem ser quem eu realmente sou, unindo,
estranhamente, essência e aparência.
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