quinta-feira, 3 de abril de 2014

Construindo o Imaginário

Como já disse anteriormente, sou graduando em História pela USP. Há um detalhe, todavia, que ainda não contei por aqui: durante os primeiros anos na faculdade eu detestava tudo, meus colegas, meus professores, o prédio, tudo; menos a biblioteca, que ainda é meu lugar favorito por lá. A verdade é que não tinha maturidade intelectual suficiente para aguentar o tranco que é estudar uma disciplina que envolve tantos outros conhecimentos para formar o seu próprio.
Tal situação durou até eu cursar a disciplina de Idade Média. Assim como o western e gibi de superherói, eu sempre fui fascinado pela mediavalidade. Foram poucos períodos na história ocidental onde o homem pode ser assim tão homem. Há algo de mágico nesse período. Por conta disso, acabei me tornando familiar com a obra do francês Jacques Le Goff.
Acabei trancando a faculdade por dois anos, mas Le Goff, e outros historiadores da chamada Nova História, sempre me deixou com a pulga atrás da orelha se estava fazendo certo ao trocar história por comunicação, no caso fui trabalhar com publicidade e produção audiovisual.
Foi então, indo trabalhar, andando pela República do Líbano que tive o momento catártico: estava com as biografias de São Francisco de Assis e de São Luís na mochila, ambas escritas pelo francês, e sai em disparada até o meu trabalho. Estava atrasado, evidentemente.
Quando cheguei no trabalho, estava com um fluxo muito pequeno de coisas para fazer, resolvi ler as duas introduções. Foi como um raio tivesse me atingido, era isso, era isso mesmo que eu queria para a vida, era a minha “missão” nesse planeta.
A noite passou e quando cheguei em casa reli um capítulo de História e Memória, mais precisamente o capítulo Memória. Então não tinha mais dúvida alguma: voltaria a fazer história, me formaria e seguiria no ofício, ou como professor ou como historiador.
Se hoje sou feliz na minha carreira profissional, devo muito ao professor Le Goff, graças a ele voltei para a faculdade – tá bom que ainda não me formei – e voltei a lecionar, e ambos me dão mais do que prazer, me fazem ser quem eu realmente sou, unindo, estranhamente, essência e aparência.

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