sexta-feira, 23 de maio de 2014

Por Que Continuar a Ler os Clássicos?


Por conta de um trabalho de redação que peguei, aliás falei sobre ele aqui, tive que ler um artigo científico sobre liderança e poder, e nesse texto havia uma aproximação entre esses dois conceitos, porém de uma forma positiva, tirando todo o caráter moral do poder, muito presente no senso comum e no meio empresarial, onde é visto como o demônio encarnado.
As autoras do artigo se baseavam em textos consolidados e clássicos, como O Princípe, de Nicolau Maquiavel, e Vigiar e Punir, de Michael Foucault. O que me levou a relembrar Harold Bloom e seu O Canone Ocidental, onde o crítico literário e professor estabelece uma espécie de códex a ser seguido por aqueles que queriam se considerar cultivados.

Apesar de todas as críticas que possam ser apontadas contra Bloom, há uma urgência em nós para criar um rol de conhecimentos a serem obtidos para estarmos inseridos em um contexto cultural.
Ai que entra a minha defesa a favor dos clássicos, sejam eles literários, filosóficos ou científicos. Nos clássicos podemos encontrar o barro primordial de nossos pensamentos, ou do nosso sistema de pensamento.
Claro, o tempo pode lavar algum desse barro para longe, porém a estrutura, as referências, as reverberações ainda estão presentes. É preciso ter em mente, ainda, que esse rol de textos clássicos não é fixo, é cambiável de acordo com o tempo. Livros descobertos e esquecidos todo o tempo, o exemplo mais próximo de nós, brasileiros, é o caso de Monteiro Lobato, que por conta de um anacronismo crônico, não tem mais sido recomendado para crianças, com a prerrogativa, acertada, de ser racista em diversos aspectos.
Nos clássicos também podemos encontrar o lado negro do ocidentalismo. Está tudo lá, dessa forma para melhor criticarmos o status quo presente nada melhor do que ele mesmo nos prover a munição necessária para tal objetivo.
Para o bem e para mau, os clássicos, ainda pretendo escrever algum texto explicando melhor o conceito de clássico, se mantêm atuais e relevantes, ainda que seja simplesmente para esquecê-los.

Links:
Artigo Poder e Liderança: as contribuições de Maquiavel, Gramsci, Hayek e Foucault, de Maria Cristina Sanches Amorim e Regina Helena Martins Perez, publicando originalmente em Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 26, p. 221-243, jan/abril 2010, citado aqui em cima: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=200341 
Verbete sobre Harold Bloom na Wikipédia (em inglês): http://en.wikipedia.org/wiki/Harold_Bloom
Site Project Gutenberg, onde você pode encontrar diversos clássicos ocidentais em versão digital e gratuita: http://www.gutenberg.org/

Site do Domínio Público Brasileiro, onde você encontra diversos textos clássicos e contemporâneo em versão digital e gratuita:  http://www.dominiopublico.gov.br/

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