segunda-feira, 5 de maio de 2014

Um Futuro para a Parada Gay

Gostaria de começar o texto pelo seu começo, porém preciso retroceder um pouco para evitar mal-entendidos e julgamentos errados. Para começo de conversa, você que ainda não me conhece, sou um grande defensor de todas as liberdades individuais. Todas, e nesse contexto a sexualidade eu encaro como um direito individual, ou seja, a sexualidade unicamente interessa aquele que a exerce. Cada um cuida do seu como bem entender.
Outra das minhas causas é defesa das chamadas “minorias”. Não gosto muito desse termo, pois detona algo a parte de uma sociedade democrática, assim eu prefiro o termo “vozes”. Acredito que a inclusão – social, econômica, política, digital, etc. – dos excluídos deve ser prerrogativa de qualquer livre pensador humanista.

Agora, ao vespeiro.
Sou admirador do movimento LGBT no Brasil. Sua voz se fez estridente ante uma sociedade extremamente moralista, conservador e chauvinista como a que vivemos. Ser, ou ter, de qualquer sexualidade por aqui sem ser a sacra-santa heterossexualidade é vista como uma aberração. Veja o crescente número de agressões – físicas, discursivas e morais – que gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, transgêneros e outros, sofrem nas ruas e prédios nas nossas cidades.
A maior expressão do movimento no Brasil é a Parada do Orgulho Gay de São Paulo, por sinal uma das maiores do mundo. Durante o final de semana da Parada, existe amor em São Paulo, pode-se expressar o amor e o desejo em suas múltiplos e mais diversas formas. É uma grande festa.
Você vencer a moral sebosa e hidrofóbica pela alegria, pela festa, pela afirmação positiva é um grande avanço e uma grande vitória. Porém, em seu cerne, encontra o germe de sua derrocada. Como manifestação política e discursiva, a festa precisa ser mais do que uma festa.
A parada e o movimento poderiam aproveitar o clima geral a favor dos dias que circundam o primeiro domingo de Maio e fazer, ampla e irrestritamente, painéis e seminários para educar a sociedade e os cidadãos. Qualquer manifestação sem um caráter pedagógica se torna um castelo de cartas erguido na areia. A festa só pela festa não deveria ser só a festa. Educar sobre a questão da sexualidade, gênero e sexo, a inclusão e os direitos dos gays deveria ser uma das principais pautas do movimento. Não sou contra a festa, muito pelo contrário, o riso é a melhor arma da revolucionário – acho que por isso nunca fui conservador, eles nunca riem. Mas a festa só pela festa gera fenômenos estranhos, como eu presenciei de uma senhora que disse-me que achava lindo os “meninos” fazerem essa festa, e quando a indaguei sobre casamento gay ela responde-me que era aberração, pecado, que a Bíblia proibia. Percebem o contrassenso?

Para passar a régua, acho que a festa precisa ser feita mesmo, pelos motivos de contestação, de alegria e de convivência, quanto mais visibilidade essas vozes silenciadas têm mais inerentes à voz total ela acaba se tornando. Porém, hay que badalar, porém com a cabeça incrustada de ideais e ideias.

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