Gostaria de começar o
texto pelo seu começo, porém preciso retroceder um pouco para evitar
mal-entendidos e julgamentos errados. Para começo de conversa, você que ainda
não me conhece, sou um grande defensor de todas as liberdades individuais.
Todas, e nesse contexto a sexualidade eu encaro como um direito individual, ou
seja, a sexualidade unicamente interessa aquele que a exerce. Cada um cuida do
seu como bem entender.
Outra das minhas
causas é defesa das chamadas “minorias”. Não gosto muito desse termo, pois detona
algo a parte de uma sociedade democrática, assim eu prefiro o termo “vozes”.
Acredito que a inclusão – social, econômica, política, digital, etc. – dos
excluídos deve ser prerrogativa de qualquer livre pensador humanista.
Agora, ao vespeiro.
Sou admirador do
movimento LGBT no Brasil. Sua voz se fez estridente ante uma sociedade
extremamente moralista, conservador e chauvinista como a que vivemos. Ser, ou
ter, de qualquer sexualidade por aqui sem ser a sacra-santa heterossexualidade
é vista como uma aberração. Veja o crescente número de agressões – físicas,
discursivas e morais – que gays, lésbicas, bissexuais, transexuais,
transgêneros e outros, sofrem nas ruas e prédios nas nossas cidades.
A maior expressão do
movimento no Brasil é a Parada do Orgulho Gay de São Paulo, por sinal uma das
maiores do mundo. Durante o final de semana da Parada, existe amor em São
Paulo, pode-se expressar o amor e o desejo em suas múltiplos e mais diversas
formas. É uma grande festa.
Você vencer a moral
sebosa e hidrofóbica pela alegria, pela festa, pela afirmação positiva é um
grande avanço e uma grande vitória. Porém, em seu cerne, encontra o germe de
sua derrocada. Como manifestação política e discursiva, a festa precisa ser
mais do que uma festa.
A parada e o
movimento poderiam aproveitar o clima geral a favor dos dias que circundam o
primeiro domingo de Maio e fazer, ampla e irrestritamente, painéis e seminários
para educar a sociedade e os cidadãos. Qualquer manifestação sem um caráter
pedagógica se torna um castelo de cartas erguido na areia. A festa só pela
festa não deveria ser só a festa. Educar sobre a questão da sexualidade, gênero
e sexo, a inclusão e os direitos dos gays deveria ser uma das principais pautas
do movimento. Não sou contra a festa, muito pelo contrário, o riso é a melhor
arma da revolucionário – acho que por isso nunca fui conservador, eles nunca
riem. Mas a festa só pela festa gera fenômenos estranhos, como eu presenciei de
uma senhora que disse-me que achava lindo os “meninos” fazerem essa festa, e quando
a indaguei sobre casamento gay ela responde-me que era aberração, pecado, que a
Bíblia proibia. Percebem o contrassenso?
Para passar a régua,
acho que a festa precisa ser feita mesmo, pelos motivos de contestação, de
alegria e de convivência, quanto mais visibilidade essas vozes silenciadas têm
mais inerentes à voz total ela acaba se tornando. Porém, hay que badalar, porém com a cabeça incrustada de ideais e ideias.
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