No domingo passado
(11/05), pela quarta rodada do Brasileirão, jogaram Atlético-MG e Cruzeiro,
clássico maior de Minas Gerais. Gostaria muito que o principal assunto da
partida fosse exclusivamente os lances, os gols e, até, as polêmicas. É disso
que se trata o futebol como esporte.
Porém, e há sempre
ressalvas, não trataremos sobre os aspectos esportivos do match, ou cotejo, como preferirem. Foi com horror que fiquei
sabendo, não assisti ao vivo o jogo, que a auxiliar Fernanda Colombo Uiliana,
aspirante à FIFA, ou seja, competente e profissional, fora hostilizada por um
erro que cometera.
Nos esportes, ainda
mais coletivos, é normal que a torcida hostilize a arbitragem por seus erros,
afinal são todos humanos, e como diz o velhão chavão, errar é humano. O caso
aqui é mais grave por dois motivos: primeiro, o autor das hostilizações foi um
diretor cruzeirense; segundo, as ofensas foram, unicamente, porque ela é...
mulher; além de outro pecado ainda maior: Fernanda é uma mulher bonita e
atraente. No meio profissional, as mulheres em modo geral sofrem diversos
preconceitos, se ela for bonita então pior ainda. O mais delicado que se fala
sobre elas, quando em altos postos, é que “deve
estar dando para alguém”, entre outros impropérios.
Quantos erros
árbitros e auxiliares, homens, cometem e são hostilizados unicamente por seus
méritos dentro de campo. Ninguém o xinga por ser homem, feio ou bonito, nem
nada equivalente. Beleza é apenas algo estético, isso é óbvio, mas às vezes o
óbvio nos foge aos olhos, e apenas isso. Não é porque você é bonito ou feio que
você vai ser bom ou mau, justo ou injusto, competente ou incompetente. A
estética é apenas a nossa a aparência, nossa essência possui muito mais
fatores.
Tirando o ato em si,
o que mais indigna, tirando pelas militantes feministas e por alguns, poucos,
jornalistas mais esclarecidos, é a repercussão do episódio nas mídias e
redes-sociais, que é visto como “normal”, sem causar o mesmo furor que o
episódio racista sofrido por Daniel Alves (leia meu texto sobre o assunto aqui). Será que isso apenas não mostra o
quanto o futebol ainda é machista e sexista (sobre o assunto, já escrevi um
texto, você pode lê-lo aqui)? Até
Quando teremos que suportar episódios como esse, sem que os culpados sejam
devidamente responsabilizados? Ou será que a indignação e a mobilização só
ocorrem se tiverem agentes de publicidade por de trás de uma hashtag?
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