Em dia de grito no riacho Ipiranga
e em épocas de pleito eleitoral, é sempre bom rever algumas coisas que estão
acontecendo nesse ano de eleições. Não pretendo julgar cada um dos candidatos,
mas sim o quadro geral das eleições majoritárias brasileiras desse ano.
Sobre o que pretendo opinar aqui é
o discurso em geral das eleições desse ano. Primeiro, acredito que o nível do
debate desse pleito consegue estar ainda mais baixo do último pleito.
Há, evidentemente, um rompimento
da polaridade entre PT, que nos últimos dois anos têm feito um governo
desastroso, e PSDB, que em 14 anos de oposição tem sido bem omisso, Marina
Silva, após um desastre, se tornou uma espécie de lufada de novidade na macropolítica
brasileira. Para algum desavisado, isso pode parecer até verdade, afinal ela
foi vereadora, deputada federal e senadora por um estado pequeno, o Acre, e foi
ministra de um ministério importantíssimo, porém pouco prestigiado, que é o do
Meio-Ambiente, e foi candidata à presidência no último pleito por um partido
nanico, o PV. Mas me pergunto: com tudo isso, ela realmente representa o novo,
a mudança? Fora as contrariedades de seu programa, de seus pronunciamentos,
entre outras coisas.
Essa época era para se debater
ideias, políticas de governo, mas o que se vê é apenas um verdadeiro arsenal de
trocas de afagos e elogios (aqui é ironia, ok?). Entre os três grandes vemos
apenas um debate sobre macropolítica econômica, e as responsabilidades que
devem ser atribuídas ao Estado, de um lado um Estado forte e presente (Dilma) e
do outro um Estado mínimo (Marina e Aécio). Aqui é que não entendo: o bom
debate político, com propostas de estado e de governo, se dá mais nos partidos
nanicos porém bem estruturados (PV, PSol e PSC), do que nos grandes partidos. O
que me leva a acreditar que na verdade temos uma eleição em que se muda tudo
para continuar na mesma.
Mas, o que mais me espanta, é que
todos os candidatos se apresentam como salvadores da pátria, como se a pátria
precisasse ser salva. Acho que os políticos e seus partidos não entenderam
direito, ainda, o que aconteceu em julho do ano passado. Não queremos salvação,
queremos solução para os nossos problemas mais graves.
É impressionante como o Brasil, em
pleno século 21 e quase trinta anos depois da redemocratização, ainda temos uma
síndrome de Odorico Paraguaçu: não importa o que o candidato/política diga,
importa é como ele diga. Dias Gomes ao criar Odorico fez a melhor síntese do
político brasileiro.
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