quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Diário de um Professor: A Depressão e o Lecionar

Como o leitor mais assíduo deste humilde blog já sabe, eu tenho depressão e ansiedade. Esse mesmo leitor também sabe que eu sou professor, na verdade, verdade mesmo, sou mais um preceptor. Já contei aqui alguns perrengues que passei por conta desses dois fatores. Aliás, muita gente me pergunta como eu concílio essas duas vertentes da minha personalidade.
Como hoje, particularmente, está sendo um dia meio ruim para mim, a produção ou a captação de serotonina por minha parte não está me ajudando muito, então resolvi tentar responder essa pergunta.
Ter depressão associado com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e lecionar, como equacionar esses dois fatores? É BEM complicado, querido leitor. As duas doenças me fazem ter alguns problemas, e até uma leve síndrome do pânico, tenho grandes problemas para sair de casa, ou da minha zona de conforto, e para me relacionar com as pessoas, por algum motivo que eu não sei/consigo explicar, eu tendo a querer me afastar muito das pessoas, uma espécie de misantropia. Eu me relaciono muito melhor com os humanos, e mesmo com os humanos com quem eu realmente me importo, através dos meios eletrônicos.
E como te tudo isso, e ainda assim ter que dar uma aula, que basicamente consiste em se envolver com os alunos e transmitir o seu, ou um, conhecimento através de uma comunicação clara e objetiva?
Bom... eu não sei responder à essa pergunta, ou até sei, mas dai teria que fazer um texto bem longo e você, leitor, não quer isso, quer? Apenas consigo dizer, não racionalmente, que eu me transformo quando viro professor, meio como Batman e Bruce Wayne. Tanto que estou tentando conseguir mais e mais alunos para ter menos períodos Bruce Wayne (depressivo e ansioso) e mais períodos Batman (professor comunicativo, falante e bem disposto).
Um dos grandes problemas desse problema conjunto é não deixar passar para o aluno o meu estado de espírito. As crianças têm uma capacidade enorme de observação e uma sensibilidade fora do comum, e elas conseguem captar quando está tudo bem e quando está tudo mal com o professor, ainda mais porque ainda temos uma visão de divisão política entre alunos e professores, e sendo esses últimos colocados em um grau de superioridade.
Confesso que tenho muita insegurança em que me estado de espírito possa atrapalhar o aprendizado e o desempenho dos meus alunos, tanto que em dias em que eu realmente não tenho forças nem para sair da cama, e quem tem depressão sabe do que eu estou falando, eu tento não dar aulas, por medo de atrapalhar, ao invés de colaborar, com os meus alunos.

Para concluir: é uma situação, para mim, muito complicada solucionar esse problema, principalmente com a minha preocupação para com o aprendizado e o desempenho dos alunos, não sei se todo professor que está na mesma situação do que eu. Mas posso afirmar positivamente que lecionar, assim como exercer o meu lado criativo, é uma ferramenta poderosa na busca de um ponto de harmonia, e de quem sabe, uma possível cura.

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