segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Das Amizades

Antes de voltar a falar de assuntos que me são externos, têm vários assuntos no noticiário que despertaram interesse em mim, e acho que me merecem a minha singela atenção, permita-me, leitor, a ainda escrever sobre alguns assuntos internos.
Sou adepto do que chamo de misantropia seletiva: apesar de não gostar de conviver com pessoas, de modo geral tenho, basicamente medo do ser humano, algumas poucas pessoas me são muito caras. Minha família e meus amigos, basicamente.
O problema aqui é conceitual: ser família não significa apenas compartilhar um linhagem de sucessivas heranças e misturas genéticas, nem uma linha hereditária, família acredito ser algo muito mais profundo, uma ligação muito mais profunda; já a amizade talvez seja o mais puro dos amores, pois ela trespassa gênero, crença, costumes e tudo o que tiver pela frente. Sócrates, através de Platão, considera-o um dos mais puros dos amores possíveis.

Bom, para quem não sabe, eu nasci em Sampa, porém aos 17 anos me mudei para Porto Alegre – que não é uma cidade, e sim um caso de amor – e por lá fiz grandes e verdadeiras amizades. Do tipo que falam o que tem que falar sem medo, mas também capazes de rir de si e do próximo. Enfim, passados seis anos retorno à Sampa, e meus amigos por lá continuaram. Graças às benesses da tecnologia, nisso não posso ser ludista, pude manter contato com eles, mesmo que à distância. Tanto que tenho todos esses amigos nas redes sociais em comum.
Mas algo aconteceu de muito bom nessas últimas três semanas: o grupo de amigos de lá criou um grupo no WhatsApp e com isso nos falamos com muito mais frequência, e com a mesma verdade de antes, afinal as redes sociais escondem certos aspectos dos nossos espectros.
Amizades que julgavam estarem mornas, se reacenderam com um fulgor enorme, e isso me fez sentir muito bem, mesmo que sejam apenas palavras em uma tela, a preocupação e o amor que senti foram enormes, todos preocupados com a minha condição atual, meu tratamento e minha recuperação.
Enfim, me fez muito melhor essas três semanas de conversas do que quase um ano de medicação psiquiátrica, ou melhor, a aliança dos dois acho que tornou isso possível.
Aos meus amigos, que sem pieguices, posso chamar de eternos de Porto Alegre, meus sinceros agradecimentos e saibam que não importa aonde estiver geograficamente, quem sabe onde posso vir a marcar residência no futuro?, saibam que carrego cada um de vocês no coração e na alma.
Aos amigos de Sampa, principalmente aqueles que fiz depois da volta, não fiquem enciumados, essa cidade é uma loucura e não convivemos mais apenas por falta real de tempo e certas pedras no caminho.

Aos amigos que perdi de antes de volta, infelizmente acredito que em sua grande maioria nossos caminhos de entendimento do mundo e de sensibilidades afetivas nos tornaram apenas fantasmas de uma antiga potência de amizades. E, acreditem, isso não me traz nenhum tipo de felicidade ou satisfação.

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