Antes de voltar a falar de
assuntos que me são externos, têm vários assuntos no noticiário que despertaram
interesse em mim, e acho que me merecem a minha singela atenção, permita-me,
leitor, a ainda escrever sobre alguns assuntos internos.
Sou adepto do que chamo de
misantropia seletiva: apesar de não gostar de conviver com pessoas, de modo
geral tenho, basicamente medo do ser humano, algumas poucas pessoas me são
muito caras. Minha família e meus amigos, basicamente.
O problema aqui é conceitual: ser
família não significa apenas compartilhar um linhagem de sucessivas heranças e
misturas genéticas, nem uma linha hereditária, família acredito ser algo muito
mais profundo, uma ligação muito mais profunda; já a amizade talvez seja o mais
puro dos amores, pois ela trespassa gênero, crença, costumes e tudo o que tiver
pela frente. Sócrates, através de Platão, considera-o um dos mais puros dos
amores possíveis.
Bom, para quem não sabe, eu nasci
em Sampa, porém aos 17 anos me mudei para Porto Alegre – que não é uma cidade,
e sim um caso de amor – e por lá fiz grandes e verdadeiras amizades. Do tipo
que falam o que tem que falar sem medo, mas também capazes de rir de si e do
próximo. Enfim, passados seis anos retorno à Sampa, e meus amigos por lá
continuaram. Graças às benesses da tecnologia, nisso não posso ser ludista,
pude manter contato com eles, mesmo que à distância. Tanto que tenho todos
esses amigos nas redes sociais em comum.
Mas algo aconteceu de muito bom
nessas últimas três semanas: o grupo de amigos de lá criou um grupo no WhatsApp
e com isso nos falamos com muito mais frequência, e com a mesma verdade de
antes, afinal as redes sociais escondem certos aspectos dos nossos espectros.
Amizades que julgavam estarem mornas,
se reacenderam com um fulgor enorme, e isso me fez sentir muito bem, mesmo que
sejam apenas palavras em uma tela, a preocupação e o amor que senti foram
enormes, todos preocupados com a minha condição atual, meu tratamento e minha
recuperação.
Enfim, me fez muito melhor essas
três semanas de conversas do que quase um ano de medicação psiquiátrica, ou
melhor, a aliança dos dois acho que tornou isso possível.
Aos meus amigos, que sem
pieguices, posso chamar de eternos de Porto Alegre, meus sinceros agradecimentos
e saibam que não importa aonde estiver geograficamente, quem sabe onde posso
vir a marcar residência no futuro?, saibam que carrego cada um de vocês no
coração e na alma.
Aos amigos de Sampa,
principalmente aqueles que fiz depois da volta, não fiquem enciumados, essa
cidade é uma loucura e não convivemos mais apenas por falta real de tempo e
certas pedras no caminho.
Aos amigos que perdi de antes de
volta, infelizmente acredito que em sua grande maioria nossos caminhos de
entendimento do mundo e de sensibilidades afetivas nos tornaram apenas
fantasmas de uma antiga potência de amizades. E, acreditem, isso não me traz
nenhum tipo de felicidade ou satisfação.
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