OBS.: O texto que se seguirá é de cunho altamente ficcional, baseado
na minha pura imaginação, qualquer semelhança com a realidade, fatos e pessoas,
vivas ou mortas, é mera coincidência.
Meu bom leitor, proponho um
exercício de criatividade hoje. Imaginemos uma pessoa nascida na capital do
estado de São Paulo, mais ou menos nos anos 1980. Essa pessoa é oriunda de uma
família estável, morou a vida inteira em um bairro de classe média típico,
digamos o Jabaquara, educado em boas escolas, mesmo quando eram públicas, com
muito esforço seu, e de seus pais, entrou na USP, conseguiu alguma
independência financeira, no começo do entendimento da vida política tinha medo
do PT, pelo fato de ser... o PT, tinha uma leve admiração pelo Mário Covas,
influenciado pela mãe, principalmente.
Bom... um paulistano, digamos
assim, médio dentro da curva. Um como todos outros, talvez até você, meu bom
leitor, se identifique com ele.
Bem, esse paulistano sou eu.
Olhando meu passado, a minha
narrativa de vida, percebo que eu fui
um paulistano médio, mas algo mudou na minha vida. O paulistano médio anda de
carro, eu não; o paulistano médio é a favor da repressão policial, eu não; o
paulistano médio lê a Veja, eu não; o paulistano médio é contra a ciclovia, eu
não; o paulistano médio é contra a legalização das drogas, eu não; eu poderia
continuar com uma série de contradições, mas isso seria bem chato e
inconveniente.
Me pergunto: por que eu não sou um
paulistano médio? Repare no uso no artigo indefinido, não quero ser modelo de
nada. Onde aconteceu esse meu desvio da curva?
Pô, eu gosto de Sampa, eu amo
Sampa, mas está cada vez mais difícil de se conviver com a maioria de seus
habitantes, nativos ou não. O ranço contra os diferentes e um conservadorismo
tacanho têm cada vez assustado aqueles que um dia realmente amaram essa cidade,
mas de uma forma diferente do que a curva aponta hoje.
Ante eu tinha prazer em ser um
paulistano; hoje tenho certo embaraço...
PS: O paulistano médio vota em
Marina, Alckmin, eu não.
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