Anteontem, dia 21, foi meu
aniversário; meu 32º natalício. Nasci em São Paulo, em 1982 (o melhor ano da
música do século 20). Para comemorar, dividi as festividades em duas frentes:
nesse final de semana, viajei para Itu, cidade próxima da capital, conhecida
por seus exageros e por ser berço do movimento republicano brasileiro; e, no
domingo que vem, vou pela primeira vez assistir um concerto no Theatro
Municipal de São Paulo.
A viagem para Itu foi muito boa,
já conhecia a cidade, de várias viagens escolares para a cidade, mas conheci de
fato conhecer a cidade, principalmente pelo seu patrimônio histórico da era
imperial brasileira. Fora o passeio urbano, feito de caminhares de mãos
entrelaçadas, fiz um outro passeio que me chamou muito atenção: conhecer a
Estrada Parque, antiga Estrada dos Romeiros, que liga Itu a Cabreúva, margeando
o Rio Tietê, que, uma pena, paga pela urbanização desenfreada e irresponsável
da Grande Metrópole.
Um final de semana maravilhoso.
Para coroar o final de semana e o natalício, havia o jogo do meu Palmeiras
contra o Goiás.
Já sabemos o desastre que foi,
porém acreditava que o time conseguiria tirar um bom resultado, principalmente
pelo resultado, um empate, mas ainda assim positivo, no meio de semana.
Ou jogo conseguiu azedar meu
aniversário de uma maneira que até hoje, segunda à noite, meu estômago paga por
um embaraço enorme.
O palestrino, hoje, anda de cabeça
baixa. Não por causa do resultado do jogo, que mesmo tendo sido uma surra, é do
jogo. Ele anda de cabeça baixa por conta da expectativa no futuro. O que
esperar do Palmeiras, não nesse campeonato, acho que não vai dar para se livrar
da degola, a não ser se ressuscitarmos o espírito de 1942, o que pode
acontecer, a história palestrina é marcada por pontos de viradas e
renascimentos. É a velha máxima do antigo Palestra Itália: morreu líder, nasceu
campeão.
Acho que o futuro do Palmeiras
nunca foi tão nebuloso para os seus torcedores. Nosso time, palmeirenses, tem
merecido a alcunha cunhada pelos nossos rivais de Guarani da Capital. Não pela
similaridade das cores, o Guarani tem um verde mais claro do que o Palmeiras,
mas sim pela tacanhice de seus diretores.
O Guarani, ao longo do final do
século 20, foi dilapidado pelos seus dirigentes ao ponto de não ficar fora da
primeira divisão do Paulista e do Brasileiro. Será esse o destino que o Destino
guarda para o Palmeiras?
Eu simplesmente não posso
acreditar nisso...
O grande mal que circunda o
Palmeiras hoje é quem o dirige. O clube virou um microcosmo do que é o Brasil:
para ter alguma governabilidade é preciso fazer aliança com que há de mais
podre em suas entranhas. Eu realmente, tolinho eu, acreditei que Paulo Nobre
iria fazer uma boa gestão, que ares novos iriam realmente fazer uma mudança no
clube inteiro.
Ledo engano...
Ver uma direção “profissional” no
Palmeiras falhar é como ver um ideal em que você acreditava falhar, acredito
que nos anos 1930 os socialistas tiveram a mesma sensação de quando Stalin
assumiu o poder na URSS, ou quando o FHC foi eleito presidente do Brasil se
aliando com o extinto PFL, para a geração dos meus pais. Nobre em nenhum
momento, até agora, conseguiu colocar em prática o que se propôs a fazer:
colocar o Palmeiras definitivamente no século 20.
O que temos agora?
Um apanhado de jogadores, alguns
com muito talento, um Valdivia, que mais se machuca e outras coisas do que
joga, um estádio, será que vai ter jogo nele?, aclamado com um dos melhores do
mundo e um técnico mais ou menos, cujo grande mérito é ser sobrinho de um dos
maiores ídolos da história alviverde.
O grande problema palestrino hoje
é de mentalidade, enquanto seus diretores pensarem como donos de venda de
cidade do interior, como os antigos “carcamanos”,
o Palmeiras vai ficar sendo isso que nós estamos vendo. Eu não quero ver meu
time se transformar em um Guarani, em um Juventus, em um Clube Atlético
Ypiranga. Nem quero ser torcedor do time que “tem coisas que só acontecem com o Palmeiras”; quero meu Palmeiras
grande, forte, brigador (dentro de campo e por títulos) e que respeite,
principalmente sua direção, a sua história centenária.
Que os ares de 1942 limpem das
alamedas da rua Turiassú os germes de nossa própria destruição.
Que os ares de 1942 nos lembrem
que o Palmeiras não é grande: é imenso.
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