segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Carta Aberta de um Palmeirense

Anteontem, dia 21, foi meu aniversário; meu 32º natalício. Nasci em São Paulo, em 1982 (o melhor ano da música do século 20). Para comemorar, dividi as festividades em duas frentes: nesse final de semana, viajei para Itu, cidade próxima da capital, conhecida por seus exageros e por ser berço do movimento republicano brasileiro; e, no domingo que vem, vou pela primeira vez assistir um concerto no Theatro Municipal de São Paulo.
A viagem para Itu foi muito boa, já conhecia a cidade, de várias viagens escolares para a cidade, mas conheci de fato conhecer a cidade, principalmente pelo seu patrimônio histórico da era imperial brasileira. Fora o passeio urbano, feito de caminhares de mãos entrelaçadas, fiz um outro passeio que me chamou muito atenção: conhecer a Estrada Parque, antiga Estrada dos Romeiros, que liga Itu a Cabreúva, margeando o Rio Tietê, que, uma pena, paga pela urbanização desenfreada e irresponsável da Grande Metrópole.

Um final de semana maravilhoso. Para coroar o final de semana e o natalício, havia o jogo do meu Palmeiras contra o Goiás.
Já sabemos o desastre que foi, porém acreditava que o time conseguiria tirar um bom resultado, principalmente pelo resultado, um empate, mas ainda assim positivo, no meio de semana.
Ou jogo conseguiu azedar meu aniversário de uma maneira que até hoje, segunda à noite, meu estômago paga por um embaraço enorme.
O palestrino, hoje, anda de cabeça baixa. Não por causa do resultado do jogo, que mesmo tendo sido uma surra, é do jogo. Ele anda de cabeça baixa por conta da expectativa no futuro. O que esperar do Palmeiras, não nesse campeonato, acho que não vai dar para se livrar da degola, a não ser se ressuscitarmos o espírito de 1942, o que pode acontecer, a história palestrina é marcada por pontos de viradas e renascimentos. É a velha máxima do antigo Palestra Itália: morreu líder, nasceu campeão.
Acho que o futuro do Palmeiras nunca foi tão nebuloso para os seus torcedores. Nosso time, palmeirenses, tem merecido a alcunha cunhada pelos nossos rivais de Guarani da Capital. Não pela similaridade das cores, o Guarani tem um verde mais claro do que o Palmeiras, mas sim pela tacanhice de seus diretores.
O Guarani, ao longo do final do século 20, foi dilapidado pelos seus dirigentes ao ponto de não ficar fora da primeira divisão do Paulista e do Brasileiro. Será esse o destino que o Destino guarda para o Palmeiras?
Eu simplesmente não posso acreditar nisso...
O grande mal que circunda o Palmeiras hoje é quem o dirige. O clube virou um microcosmo do que é o Brasil: para ter alguma governabilidade é preciso fazer aliança com que há de mais podre em suas entranhas. Eu realmente, tolinho eu, acreditei que Paulo Nobre iria fazer uma boa gestão, que ares novos iriam realmente fazer uma mudança no clube inteiro.
Ledo engano...
Ver uma direção “profissional” no Palmeiras falhar é como ver um ideal em que você acreditava falhar, acredito que nos anos 1930 os socialistas tiveram a mesma sensação de quando Stalin assumiu o poder na URSS, ou quando o FHC foi eleito presidente do Brasil se aliando com o extinto PFL, para a geração dos meus pais. Nobre em nenhum momento, até agora, conseguiu colocar em prática o que se propôs a fazer: colocar o Palmeiras definitivamente no século 20.
O que temos agora?
Um apanhado de jogadores, alguns com muito talento, um Valdivia, que mais se machuca e outras coisas do que joga, um estádio, será que vai ter jogo nele?, aclamado com um dos melhores do mundo e um técnico mais ou menos, cujo grande mérito é ser sobrinho de um dos maiores ídolos da história alviverde.
O grande problema palestrino hoje é de mentalidade, enquanto seus diretores pensarem como donos de venda de cidade do interior, como os antigos “carcamanos”, o Palmeiras vai ficar sendo isso que nós estamos vendo. Eu não quero ver meu time se transformar em um Guarani, em um Juventus, em um Clube Atlético Ypiranga. Nem quero ser torcedor do time que “tem coisas que só acontecem com o Palmeiras”; quero meu Palmeiras grande, forte, brigador (dentro de campo e por títulos) e que respeite, principalmente sua direção, a sua história centenária.
Que os ares de 1942 limpem das alamedas da rua Turiassú os germes de nossa própria destruição.

Que os ares de 1942 nos lembrem que o Palmeiras não é grande: é imenso.


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